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Urban air mobility – the final frontier?

Dario Rais Lopes*

O transporte aéreo urbano não é um conceito novo. O uso de veículos voadores em áreas urbanas vem desde a década de 40 (mais precisamente após a segunda guerra mundial), com os helicópteros, aeronaves de asa rotativa em operações de decolagem e pouso verticais – VTOL. Os serviços oferecidos eram de transporte sob demanda (uma modalidade de táxi aéreo, mas com helicópteros) e se espalharam por várias cidades e regiões metropolitanas até meados da década de 70. Problemas com a segurança operacional, poluição do ar, ruído e os próprios custos acabaram por paralisar os serviços. O que observa desde então é que o transporte urbano de passageiros com helicópteros existe como um nicho de mercado em regime de fretamento em cidades como São Paulo e Cidade do México, onde as condições de circulação no solo estão longe do aceitável.  

A recente revolução tecnológica, com os drones e a própria evolução dos helicópteros, em um cenário de constante agravamento da circulação nas grandes cidades do mundo, criou condições para “revisitar” o uso de modais aéreos nos deslocamentos urbanos, utilizando veículos pilotados e não tripulados silenciosos e eficientes para realizar as operações sob demanda e programadas – a Mobilidade Aérea Urbana (Urban Air Mobility – UAM). 

Assim, a Mobilidade Aérea Urbana (UAM) se tornou um tema emergente que ganhou muita atenção e interesse por parte da academia e da indústria. O próprio nome já remete à um campo de pesquisa e inovação tecnológica que tem sido central no urbanismo contemporâneo – a mobilidade urbana. Como o desenvolvimento de novas tecnologias de mobilidade está sendo estimulado pela crescente pressão do congestionamento de tráfego em grandes cidades, start-ups e empresas estabelecidas dos setores de aviação e automotivo passaram a atuar na área de UAM, com o objetivo de fornecer soluções competitivas para um “novo mercado”.

O entendimento comum encontrado na literatura técnica e comercial sobre o assunto é que mobilidade aérea urbana é um sistema de transporte aéreo seguro e eficiente que usará aeronaves altamente automatizadas que operarão e transportarão passageiros ou cargas em altitudes mais baixas em áreas urbanas e suburbanas. UAM será composta por um ecossistema que considera a evolução e a segurança da aeronave, a estrutura de operação, o acesso ao espaço aéreo, o desenvolvimento da infraestrutura e o envolvimento da comunidade.

Um dos pilares para a consolidação da UAM, assim como em qualquer outro modo de transporte, é o veículo. Nesse caso há duas categorias de veículos: os drones e os táxis voadores com propulsão elétrica (eVTOL), cada qual para o atendimento de um nicho específico de mercado. Os drones para o transporte de cargas e os táxis para o deslocamento de pessoas no meio urbano, com um segmento preferencial já identificado – as ligações de e para os aeroportos. Há ainda um segmento intermediário de mercado potencial para os serviços UAM prestados tanto por drones como por táxis aéreos. Trata-se do atendimento a emergências: transporte de medicamentos ou equipamentos especiais ao local da emergência (executado por drones) ou o transporte de paramédicos, remoção de acidentados e pacientes (eVTOL ambulância).

Apenas em termos de táxis aéreos, há hoje mais de 80 projetos em andamento, entre eles o brasileiro desenvolvido pela EVE Urban Air Mobility Solutions, subsidiária da Embraer. Todos estes projetos apontam a prontidão para uso comercial nos próximos anos. Tanto as autoridades europeias (EASA – European Union Aviation Safety Agency) como as norte-americanas (FAA – Federal Aviation Administration) trabalham com o horizonte de 2025 para o início de operações comerciais com veículos tripulados, e 2030 para as operações com veículos autônomos. A EVE, por exemplo, fechou no mês de junho duas parcerias: com a americana Blade Air Mobility, Inc. para disponibilizar veículos eVTOL nos USA, a partir de 2026; e com a Ascent (Singapura) para promover a entrada do veículo da EVE nos mercados da Ásia–Pacífico, também a partir da segunda metade da década.

Recente estudo da EASA (Study on the societal acceptance of urban air mobility in europe, maio de 2021) estima que estes mercados têm um potencial de geração de receita da ordem de € 4,2 bilhões anuais na Europa, no horizonte de 2030. Ainda segundo o estudo, o mercado europeu corresponderia a pouco mais de 30 % do mercado mundial de UAM.

Um mercado de dimensão significativa, mas com desafios também de grande porte – como prover serviços de controle de tráfego aéreo? Qual a real necessidade de infraestrutura? Voando em altitudes mais baixas em áreas urbanas o impacto do ruído pode impor algum tipo de restrição aos serviços? Veículos autônomos representarão uma perda de segurança para os passageiros? Essas são questões que boa parte do mundo já está a discutir – afinal, 2025 não está muito distante….

Discorrer sobre os conceitos associados à UAM, avaliar os impactos dessa nova tecnologia no Brasil, identificar obstáculos e oportunidades, e propor ideias que permitam a implantação de um serviço eficiente e que melhore as condições gerais de deslocamento nas grandes cidades brasileiras será o objeto de um conjunto de textos que, periodicamente, terei a honra de compartilhar com o seleto público da Agência INFRA.

Apertem os cintos….o piloto, literalmente, sumiu!

*Dario Rais Lopes é ex-secretário nacional de Aviação Civil e professor da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie.

As opiniões dos autores não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto.

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