Dimmi Amora e Márcio Neves, da Agência iNFRA

Todos os dias, mais de 10 mil passageiros dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em São Paulo são prejudicados por atrasos nas composições causados pelo compartilhamento da via com os trens de carga.

Em algumas linhas, o percentual de passageiros prejudicados diariamente pode ultrapassar 10% do viajantes, causando não somente atrasos, mas também prejuízos para a companhia, que deixa de oferecer 20 mil lugares por hora devido ao uso das linhas por trens de carga.

Os dados constam no Relatório de Impacto Ambiental do Projeto do Ferroanel Norte, uma nova via de 53 quilômetros planejada para separar os trens de carga da malha ferroviária da Região Metropolitana de São Paulo. A construção é estimada em R$ 4 bilhões.

Planejada há mais de uma década e anunciada como obra em 2013, a linha só deve operar em 2024, de acordo com o plano apresentado pelo governo de São Paulo. O estudo de impacto ambiental está passando por audiência pública. Haverá sessões presenciais da audiência a partir do próxima terça-feira (25) nas cidades de Arujá, Itaquaquecetuba, São Paulo e Guarulhos.

PROGRAMAÇÃO
De acordo com o levantamento, quando o intervalo entre os trens ultrapassa 50% do tempo programado para o horário, a CPTM contabiliza os usuários como “passageiros prejudicados”.
Exemplo: se o intervalo entre os trens na linha 12-Safira é de seis minutos, quando o trem demora nove minutos ou mais para chegar na estação, os passageiros embarcados passam a ser considerados como prejudicados.

O atraso ocorrer porque as composições que circulam atrás de cargueiros costumam têm sua velocidade reduzida para menos de 40 km/h. De acordo com o trabalho, o atraso nos trens de passageiros ocorre mesmo com os trens de carga impedidos de circular horários de pico.

O trabalho apontou que, no mês de março deste ano, 3,8 milhões de usuários foram prejudicados pelos atrasos superiores a 50% do tempo previsto, quase 11 mil por dia.

Se causa prejuízo aos passageiros, o compartilhamento das linhas também é prejudicial para os clientes que têm suas cargas transportadas por via férrea. Para passar nas linhas onde há compartilhamento, as composições precisam ser divididas para que tenham um peso menor.

É uma forma de tornar a operação mais segura. No caso de um choque, por exemplo, um trem de carga menor causaria menos dano ao de passageiro. A operação de separar vagões de um um trem é complexa e causa atrasos no transporte, menos cargas transportada e, no fim, custo maior ao transportador.

Quando estiver em funcionamento, a previsão do governo é que pelo ferroanel passem mais de 60 milhões de toneladas de carga ao ano, retirando das estradas paulistas pelo menos 7 mil caminhões por dia.

PLANEJAMENTO
Em nota , a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo informou que “a circulação dos trens de carga nas linhas da CPTM é regida por convênio e regulamentada por procedimentos de operação, elaborados conjuntamente entre as partes”.

De acordo com a nota, as linhas mais prejudicadas pelo compartilhamento de carga são as 7-Rubi e 10-Turquesa, mas também há compartilhamento nas linhas 11-Coral e 12-Safira. Segundo a secretaria, o percentual de passageiros prejudicados é de 10% em média, “podendo variar de acordo com o número de viagens de carga no mês”.

O estudo mostra ainda que a Companhia poderia aumentar em 20 mil lugares hora/sentido as receitas nas quatro linhas, o que poderia aumentar seu faturamento. A secretaria informou que não tem como calcular monetariamente quanto isso gera de prejuízo para a estatal.

DATAS E LOCAIS DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

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