Transporte ferroviário brasileiro ainda tem desafios, segundo diretor da DB International

Cláudia Borges, da Agência iNFRA

Um maior aproveitamento da malha, o desenvolvimento da interoperabilidade dos sistemas de comunicação e a utilização de energia elétrica são os principais desafios do sistema ferroviário brasileiro, segundo o diretor-executivo da DB International Brasil, Peter Mirow.

O executivo participou de evento sobre infraestrutura e sistema ferroviário, realizado na segunda-feira (14) no Itamaraty, onde falou sobre o modelo ferroviário alemão e no que know-how da DB poderia contribuir com o modelo brasileiro.

Modelo ferroviário
O sistema ferroviário alemão tem uma malha com cerca de 33 mil km de extensão de vias duplicadas (totalizando 66 mil km), que é utilizada por mais de 400 operadores. Segundo Mirow, o modelo de operação utilizado é o open acess (acesso livre), que foi adotado na década de 1990. A gestão da infraestrutura é separada da gestão da operação.

O sistema, segundo o executivo, é compartilhado para a movimentação de cargas e passageiros. Por ano, são transportados pelos trilhos da Deutsch Bahn cerca de 440 milhões de toneladas das mais variadas cargas. Já o transporte de passageiros, movimenta 12 milhões de pessoas por dia.

A divisão dos slots (espaços) é feita pela DBNetz, que analisa a grade horária, a capacidade do transporte das linhas e faz a mediação entre as empresas.  Mirow afirma ainda que os slots possuem isonomia de preços e que a distribuição das cargas é variada.

“Na Alemanha existe um peso maior para a carga geral e conteinerizada. Acredito que o Brasil poderia se beneficiar deste modelo, porém esbarrará na falta de plataformas multimodais para alimentar os contêineres e os trens”, afirmou.

Desafios
Para Mirow, a malha ferroviária brasileira é pouco aproveitada, pois, segundo ele, apenas um terço dos 29 mil quilômetros de extensão é utilizado para o transporte. No caso dos sistemas de comunicação, explicou que seria necessário desenvolver a interoperabilidade para ampliar o compartilhamento das malhas, “que hoje ocorre em apenas 5% das operações de transporte das ferrovias do país”.

A utilização de trens movidos à eletricidade também seria importante, pelo aspecto da sustentabilidade, pois é menos poluente. O diretor-executivo da DB contou que na Alemanha 95% dos trens são movidos à energia elétrica. E os que utilizam diesel sofrem restrições para operar dentro das cidades.

Contribuição
Em entrevista à Agência iNFRA, Mirow destacou que uma das mais importantes contribuições que a DB poderia trazer do modelo ferroviário alemão ao brasileiro seria a disciplina, tanto na logística de cargas, quanto no transporte de passageiros.

“A ferrovia é um elemento organizador de transportes. Através da organização do transporte da ferrovia, da pontualidade, da regularidade você consegue organizar as outras pontas, que trazem as cargas ou passageiros até o transporte sobre trilhos. Esse é um elemento de conscientizar os players envolvidos que essa regularidade é importante. A DB aprendeu a fazer operando 60 mil trens por dia em sua malha, entre carga e passageiros, e 400 operadores”, afirmou.

 

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