PPP viabiliza primeira grande dessalinizadora do país e pode ser exemplo para novos projetos

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

Um equipamento público inédito no país, para beneficiar quase 4 milhões de pessoas, que vai necessitar de um investimento na faixa do meio bilhão de reais nos próximos três a quatro anos, começou a ser tornar realidade na semana passada por meio de uma PPP (parceria público-privada).

A primeira grande planta de dessalinização do país – com capacidade para gerar um metro cúbico de água por segundo, mais de 10 vezes o tamanho das maiores dessalinizadoras funcionando hoje no país –, foi contratada pela Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) junto ao Grupo Marquise, que tem a intenção de antecipar os 18 meses previstos para iniciar as obras.

“Nossa intenção é começar os trabalhos no fim de 2022”, disse Renan Carvalho em entrevista à Agência iNFRA, explicando que as intervenções precisam de licenciamento ambiental.

O prazo de obra é de 24 meses e, depois disso, tem início a prestação de serviço, que, segundo Carvalho, foi modelada num formato muito semelhante ao de termelétricas. A concessionária será remunerada com um valor fixo suficiente para pagar os investimentos e uma manutenção mínima. 

E haverá um valor variável pela quantidade que for demandada de água pelo contratante, que é responsável pela gestão da água na região. Os estudos da Marquise apontaram que a tendência atual de chuvas vem diminuindo e provavelmente haverá demanda ao longo de todo o período.

12% do abastecimento
As quantidades de água, que podem ser usadas para o consumo humano, são significativas e podem chegar a 12% de todo o abastecimento da região. Carvalho elogiou o modelo de garantias feito pela empresa estatal, que vai fazer com que parte das contas dos consumidores passem por uma conta vinculada à concessão, garantindo assim os valores para cobrir as despesas fixas da PPP.

O desafio no momento é preparar os projetos executivos e estudos para obter o licenciamento ambiental. A obra não é simples. A água precisa ser captada por um emissário que vai a mais de dois quilômetros da costa, para evitar impurezas. E outro emissário leva de volta ao mar a água não utilizada.

Mas, para Carvalho, cuja empresa é do Ceará, é um esforço necessário para o desenvolvimento da região. Segundo ele, parte dos cálculos levou em consideração não apenas os problemas climáticos que apontam para dificuldades com os atuais mananciais da região, mas também para o crescimento econômico da capital.

“A gente gosta de fazer obra. Mas a obra é boa quando a gente sabe que ela vai trazer retorno social”, disse o diretor.

Contatos para novas
O diretor da empresa acredita que quando estiver pronta, a usina será a maior da América Latina. Mas, para ele, dificilmente será única no Brasil, em breve tempo. Nas últimas semanas, ele tem recebido um número cada vez maior de contatos de representantes de estados para saber detalhes do projeto.

“É uma solução para ficar. A gente está muito feliz de ter no nosso estado começado esse piloto, mas tenho certeza que esse projeto vai ser refletido em outros lugares. O futuro vai cobrar isso dos administradores”, afirmou.

Segundo ele, o elemento essencial para saber se uma planta de dessalinização é necessária no território é ter um bom conhecimento sobre as fontes de água de onde é possível captar, para que se possa projetar os custos dessas captações e comparar com o das usinas que tiram a água do mar. E, a partir disso, definir se a dessalinizadora, já apelidada de dessal, será economicamente viável.

“A dessal é uma estrutura limpa, agride pouco o meio ambiente. Não consigo enxergar o Nordeste, e São Paulo inclusive, sem dessal desse porte no futuro.”

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