“Pensar que o país é uma jaboticaba é um equívoco analítico”, diz Ricardo Sennes

O cientista político Ricardo Sennes abriu o Seminário Aberto MBA PPP e Concessões com uma mensagem de otimismo sobre o país. Para ele, o processo de transição nacional para um maior nível de desenvolvimento não é diferente do de outra nações comparáveis em tamanho e complexidade.

“Pensar que o país é uma jaboticaba é um equívoco analítico”, afirmou Sennes, sócio da Prospectiva Consultoria.

Para ele, o processo de crescimento ocorre em distintas velocidades entre regiões e grupos, o que faz com que ele não seja linear e, por isso, pareça sempre aquém das expectativas. Além disso, segundo ele, o noticiário acaba reproduzindo mais os problemas do que a parte do Brasil que continua avançando.

“Talvez estejamos exageradamente impactado pelas primeiras páginas de jornais. Essa sequência de eventos de caráter sempre alarmistas tem afetado a capacidade de olhar o país no longo prazo”, afirmou.

Sennes apresentou essa abordagem para introduzir o Painel 1, “Cenários Eleitoral e Impactos no Mercado de Infraestrutura”. Na visão dele, o processo eleitoral de outubro não deve ter tantos candidatos como a pré-campanha tem revelado até agora. Ele aposta numa aglutinação de forças em torno de um número menor de candidatos devido à necessidade de estrutura para as campanhas no país, em geral muito caras.

Dividindo as candidaturas em quatro forças que ele considera necessárias, Contexto Socioeconômico, Propensão Ideológica, Recursos de Campanha e Atributos do Candidato, Sennes acredita que as forças de centro vão acabar se concentrando na candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato que ele acredita ter mais chances de ser o vencedor do pleito.

Ele lembrou ainda que esta deve ser a última eleição do ciclo político nacional iniciado na Constituição de 1988 e não a primeira de um novo regime.

Moises Marques, professor da FESPSP e coordenador do MBA PPP e Concessões, lembrou que os candidatos que se apresentam têm, quase todos, idade avançada, o que reforça o fim do ciclo. Outro fato que, para ele, será necessário, é que o vencedor abra um diálogo com os grupos derrotados, evitando assim uma cisão ainda maior no país.

Infraestrutura
Apesar de concordarem que o próximo presidente terá necessariamente que apresentar um forte programa de infraestrutura, algo que eles chamaram de consenso nacional, Sennes e Marques apontaram dificuldades para que os investimentos se concretizem. O professor da FESPSP lembrou que o último grande planejamento nacional ainda é o da década de 1970, feito no período da ditadura militar.

Sennes afirmou que o maior problema para o setor é a falta de regulação adequada nas áreas, que traz insegurança jurídica para os investidores. Segundo ele, nos setores em que a regulação avançou mais, citando petróleo e gás e energia, os investimentos estão avançando mais rapidamente. Ele revelou que apenas uma companhia com que trabalha pretende investir US$ 11 bilhões no país no setor de óleo e gás por considerar que o risco é menor.

Para Sennes, a falha na regulação do país está no fato de que cada órgão público trata isoladamente dos problemas, tentando maximizar sua própria ação regulatória. Segundo ele, trabalhando dessa forma, “a conta não fecha”.

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