Pax Aeroportos, da XP, inicia transição para assumir 2 aeroportos mirando EVTOLs

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

A Pax Aeroportos, empresa criada pela XP Inc., iniciou oficialmente nesta semana o processo de transição para assumir em definitivo a concessão dos aeroportos Campo de Marte (SP) e Jacarepaguá (RJ), que constituem o Bloco de Aviação Geral da 7ª Rodada de Concessões Aeroportuárias, licitado no ano passado.

Um dos focos de atuação da nova companhia do setor será preparar essas unidades, especialmente a da capital paulista, para um novo mercado que se abre, o de eVTOLs, que popularmente estão sendo chamados de carros voadores.

“Queremos estar preparados para esse mercado”, disse Rogério Prado, diretor-presidente da Pax Aeroportos, em entrevista à Agência iNFRA nesta semana.

A companhia decidiu não esperar pela decisão do governo em relação à permissão para o pagamento de outorgas com o uso de precatórios e utilizou dinheiro para quitar a oferta que fez no leilão, no valor de R$ 141 milhões. Com isso, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) pôde emitir semana passada a OS (Ordem de Serviço), que é o documento oficial que inicia o processo de transição para que a empresa assuma a unidade.

Dos três blocos do leilão da 7ª Rodada, dois já tiveram as OSs emitidas, o de Aviação Geral e o Norte II, arrematados pelos grupos Dix e Socicam. O bloco com 11 unidades, que tem o aeroporto de Congonhas (SP) entre eles, arrematado pela espanhola Aena, segue sem a OS emitida.

Isso ocorreu após o governo determinar, logo depois da emissão da OS para o Bloco Norte II, a suspensão de todos os atos que envolvam pagamentos de outorgas com precatórios, o que foi solicitado pela empresa. A suspensão está valendo até que a AGU (Advocacia-Geral da União) e o Ministério da Fazenda criem uma norma específica para esses pagamentos, de acordo com um decreto publicado sobre o tema.

“Tínhamos também a intenção de pagar com precatórios, mas por uma decisão estratégica, devido ao processo estar se estendendo, decidimos pagar em dinheiro”, explicou o presidente da companhia, lembrando que o time está mobilizado desde dezembro para assumir.

Transição em 95 dias
A transição operacional, segundo Rogério Prado, é estimada em 95 dias, sendo que os primeiros 40 são para a empresa apresentar um plano e o restante é para avaliação do plano e a transição operacional assistida com a atual concessionária, a Infraero. A ideia é antecipar a parte da empresa para assumir em definitivo mais rapidamente.

Rogério Prado lembra que, em número de passageiros, o volume movimentado nas duas unidades é pequeno. Mas que, em movimentos de aeronaves, as duas unidades somadas seriam uma das cinco maiores do país. E a intenção é ampliar ainda mais isso com os investimentos que serão feitos nas duas unidades.

Em Campo de Marte, o trabalho será para que a unidade suba na categoria de regulamentação de voos por instrumento (chamado IFR). Na categoria atual, Campo de Marte tem que operar com aeronaves menores que as que a unidade teria potencial em dias com condição meteorológica adversa, segundo o presidente. 

Mercado offshore
Já em Jacarepaguá, a intenção é preparar a unidade para um potencial aumento do mercado de extração offshore na Bacia de Santos, onde a unidade tem uma posição estratégica para receber grandes helicópteros que transportam trabalhadores para essas unidades.

De acordo com o presidente, com a perspectiva do aumento desse mercado, a unidade vai ter que se preparar para receber mais aeronaves, mais passageiros e mais unidades para a manutenção dessas máquinas.

Na unidade do Rio de Janeiro, a Pax também quer apresentar um plano de ampliação de utilização das áreas comerciais disponíveis, já que a unidade está localizada numa área de expansão urbana da cidade, com potencial para agregar mais comércio e serviços.

Para o Campo de Marte, segundo Rogério, as possibilidades comerciais são mais limitadas, porque o sítio aeroportuário é menor e está mais ocupado. Está em avaliação a liberação de novas áreas com uma mudança no posicionamento dos hangares de manutenção, mas é algo ainda em maturação pela empresa.

Projeto para eVTOLs
Para o Campo de Marte, um projeto que traz entusiasmo é o de desenvolvimento de áreas para os eVTOLs. Vários fabricantes no mundo projetam lançar seus veículos de transporte autônomo de passageiros nos próximos dois a três anos, entre eles a brasileira Embraer.

Segundo Rogério, pelo fato de os dois aeroportos estarem em áreas centrais, a ideia é trabalhar em um plano para que eles sejam hubs de apoio às redes de transporte que essas empresas estão começando a planejar, citando como exemplo percursos que já são feitos por helicópteros, como entre o Campo de Marte e a região da Faria Lima, em São Paulo.

“Temos que fazer muito estudo. Mas, se não começarmos a planejar agora, não vei ter reserva para isso e estamos mirando nesse mercado. Se não começarmos a pensar na frente, a gente perde alternativas”, disse o CEO.
 
Para ele, a ANAC e o Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), ligado à Aeronáutica, terão um grande desafio nos próximos anos para criar uma regulação para esse tipo de aeronave, que vai precisar de um novo arcabouço.

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