Outubro traz crescente apreensão do setor sobre operação da rede no limite

Corrida eleitoral traz dúvidas sobre política energética

Roberto Rockmann*

No início do bimestre outubro-novembro, período mais crítico do ano principalmente em relação à ameaça de blecautes, o setor elétrico vive dias de apreensão, com o nível dos reservatórios no Sudeste perto de 17% e a estiagem se mantendo em Minas Gerais.

Assim como foi sugerido à Petrobras que postergasse o início das ações de manutenção de plataforma e a rota de escoamento de gás, o mesmo recado foi dado às transmissoras. A ideia é foco total na maior transferência entre Norte e Nordeste para a região Sudeste.

Algumas transmissoras estão receosas: o sistema está no limite operacional, busca-se só fazer manutenções absolutamente essenciais e hoje se opera com critérios de maior flexibilização, sem redundância. Eventuais problemas podem causar perda de reputação e receita.

Nas distribuidoras, a preocupação também é elevada. Elo mais próximo do consumidor, as empresas ficam na linha de frente na comunicação com os mais de 65 milhões de pontos de luz espalhados pelo país. Além da preocupação com a alta dos preços, o que pode elevar inadimplência e fragilizar o caixa, há receio sobre a falta de um plano B.

Como comunicar medidas mais drásticas, se elas não são conhecidas? Caso seja necessário um racionamento, não se tem nada preparado, mesmo ponto de preocupação que está nas entrelinhas de um relatório recente do TCU (Tribunal de Contas da União). No racionamento de 2001, foi aberta uma audiência pública sobre o plano B, para evitar problemas com o TCU.

Simulações
Caso sejam necessários cortes de carga, muitos temem que eles poderão causar transtornos prolongados, uma vez que simulações deveriam ter sido realizadas com antecedência, em agosto e setembro, para que essas interrupções fossem as mínimas possíveis.

Nas geradoras, a estiagem tem feito o fantasma do GSF (Generation Scaling Factor, que representa o risco hidrológico) continuar trazendo prejuízos, principalmente para os agentes sem seguro. Com um GSF que pode chegar a 0,5 em setembro, alguns empresários de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) estão colocando à venda seus ativos.

Para as indústrias, os próximos meses são de incertezas sobre o risco de apagões nesses últimos meses do ano e sobre como serão as chuvas desse verão. Há receio sobre o abastecimento em 2022. Sobram incógnitas sobre os preços no mercado livre, aumento de encargos com uma operação cada vez mais cara do sistema e as futuras cotações do gás natural, que vive uma explosão de preços no mercado internacional.

*Roberto Rockmann é escritor e jornalista. Coautor do livro “Curto-Circuito, quando o Brasil quase ficou às escuras” e produtor do podcast quinzenal “Giro Energia” sobre o setor elétrico. Organizou em 2018 o livro de 20 anos do mercado livre de energia elétrica, editado pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), além de vários outros livros e trabalhos premiados.
As opiniões dos autores não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto.

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