Infraestrutura trabalha em concessão para a Hidrovia do Tapajós, com apoio das Forças Armadas

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

O Ministério da Infraestrutura está trabalhando com o Exército e a Marinha para criar um modelo de hidrovia no Brasil semelhante ao que é feito no Rio Mississipi, nos Estados Unidos, para o escoamento de grãos.

A intenção é ter uma parceria com as duas armas para ampliar a capacidade de transportes na Hidrovia Teles Pires-Tapajós, hoje a principal do país. Na semana passada, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, esteve no comando do Exército para tratar do tema.

“É o nosso [rio] Mississipi. Ela já é usada. Mas existe um potencial enorme de operação para ter mais eficiência. Vamos estar com as Forças Armadas ali para a gente ter uma operação assistida, nos mesmos moldes da do Mississipi. É prioridade para o próximo governo”, disse Sampaio.  

Segundo o ministro, a ideia é sair do modelo que se tem hoje no Brasil, de rios navegáveis (ou seja, apenas o calado natural é utilizado), para o conceito de hidrovia, com sinalização, balizamento, dragagem e outros itens que façam com que o sistema possa ter maior volume transportado. 

No Tapajós, já são transportadas por volta de 15 milhões de toneladas de produtos ao ano, volume que aumentou expressivamente após a conclusão do asfaltmento da BR-163/PA até Miritituba (PA), onde chegam as cargas de grão do norte do Mato Grosso e são transbordadas para barcaças que levam os produtos até a região de Belém (PA), de onde são exportadas.

A ideia é melhorar a navegação na hidrovia com a concessão dos serviços à iniciativa privada. As forças atuariam em parceria para garantir a segurança da navegação.

“A intenção é conseguir operar nos 12 meses do ano, mesmo quando tem escassez pluviométrica”, disse Sampaio. “Há uma operação do rio focada na navegação.”

Mudanças legislativas
Para concretizar a ideia, que tem capacidade para reduzir fortemente os custos logísticos principalmente no transporte de produtos agrícolas e minerais, Sampaio disse que serão necessárias mudanças legislativas, que estão sendo trabalhadas dentro de um projeto de lei que está sendo denominado de BR dos Rios.

Dentro desse projeto serão tratadas questões de incentivos à compra de embarcações e à implantação de terminais nos rios com recursos de fundos setoriais.

Mas, segundo Sampaio, o projeto também vai ter que rever questões em relação às barragens do setor energético. O uso da água para o transporte é essencial para que o projeto funcione, o que sempre foi um tabu para o setor elétrico, que mantém um controle da vazão sobre os rios que têm hidrelétricas. 

“A BR do Rio vai ter essas arestas que vamos ter que aparar”, disse Sampaio, informando que está em conversas com a Casa Civil, o Ministério de Minas e Energia e o Ministério do Desenvolvimento Regional para tratar do tema.

Navegação o ano todo
Segundo ele, ter a segurança de que a hidrovia terá água para navegação ao longo de todo o ano é essencial para garantir que elas terão investimentos privados em concessões ou PPPs (parcerias público-privadas). 

Isso não vem acontecendo. Nos últimos 10 anos, em duas crises hídricas, as decisões do governo foram por privilegiar a geração de energia, e a Hidrovia do Tietê, que liga o Mato Grosso do Sul a São Paulo, por exemplo, teve que ter as atividades paralisadas por falta de água para a navegação.

“Nestes quatro anos, o presidente Bolsonaro se dedicou ao setor ferroviário. Nos próximos quatro anos, vamos colher frutos desse setor. Vamos avançar. E vamos dedicar os próximos quatro anos para o setor de hidrovias”, disse Sampaio.

Pedral do Lourenço
Outro trecho hidroviário prioritário, segundo Sampaio, é a hidrovia do Tocantins. Ele disse que acreditar que o licenciamento ambiental para as obras de derrocamento do Pedral do Lourenço possam sair ainda neste ano, o que liberaria o empreendimento essencial para a navegação nesse trecho que liga a área produtiva mais a leste do Mato Grosso e no Tocantins aos portos de Belém.

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