iNFRADebate: Tecnologia pode garantir futuro mais seguro nas estradas

Denis André Côté*

O desenvolvimento econômico do país passa pela qualidade da infraestrutura de transportes, que no Brasil é majoritariamente rodoviária. Rodovias modernas, com tecnologia de ponta disponível, bem sinalizadas e pavimentação adequada são fundamentais para tornar eficiente o escoamento dos produtos da agricultura, da pecuária e da indústria, bem como para a conexão das pessoas em um território continental. Em resumo: para a nação se desenvolver e crescer de forma qualitativa, ela precisa se mover com segurança.

O Brasil possui uma malha rodoviária de cerca de 110 mil km, dos quais apenas 20% estão nas mãos da iniciativa privada. Levantamento da CNT (Confederação Nacional do Transporte) mostra que 59% de toda a malha é considerada regular, ruim e péssima. Ou seja, a condição das estradas é uma das razões para as mais de 5.200 mortes e cerca de 63.400 acidentes registrados nas rodovias federais no ano passado. Isto sem contar com os prejuízos pela perda de mercadorias nos acidentes. Estes números são muito relevantes e alarmantes, que poderiam ser reduzidos de forma considerável com o maior uso de tecnologia e com a força da iniciativa privada. Com tantos recursos à disposição, isso é inadmissível. Ações de melhorias são urgentes.

Do lado da tecnologia, por exemplo, já existe no mercado um sistema de reconhecimento automático de placas com 98% de precisão, em 250km/h, que identifica também marca, cor e tipo de veículo e até a ausência de placa. Com essa tecnologia, é possível ajudar na localização de veículos de interesse e na fiscalização de restrições de circulação. Para se ter uma ideia, atualmente 30% dos veículos automotores que circulam em território nacional não são licenciados e grande parte não passa pelas manutenções obrigatórias, o que fatalmente acaba causando mais acidentes.

Além disso, o mesmo sistema permite aplicações de fiscalização de velocidade instantânea, a extração de dados valiosos como velocidade média, tempo de viagem, relatórios origem-destino, e outros milhares de dados operacionais, de forma precisa e em tempo real, permitindo a criação de verdadeiras estradas inteligentes.

Outro exemplo para melhorar a experiência nas rodovias é a programação de câmeras personalizadas, de acordo com as demandas e características de cada concessionária, permitindo criar alarmes para diferentes eventos e solucionar rapidamente falsos alertas. Tudo isso, é claro, sempre em total conformidade à Lei Geral de Proteção de Dados. Como sabemos, nas rodovias, é fundamental que o centro de controle consiga monitorar, controlar e agir de forma ágil e eficiente para resolver os mais variados tipos de eventos e oferecer uma experiência mais satisfatória aos cidadãos.

Em outro exemplo, já é possível integrar totalmente dispositivos de áudio, emitindo mensagem em uma praça de pedágio ou em outra base remota de apoio para direcionar uma ocorrência, realizar chamadas telefônicas automáticas por intermédio de uma central para a polícia ou corpo de bombeiros. E, o que é melhor: utilizando uma única interface na tela do operador do centro de controle. Em uma rodovia, a possibilidade de trazer em uma única tela todos os dispositivos de operação e segurança como câmeras, painéis de mensagem variável, radares, leitores de placas, pictogramas, ventiladores de túneis, controle de iluminação é extremamente útil e já é possível. Ou seja, é a estrada modelo em prática.

Rodovias ao redor do mundo que já implementaram algumas dessas novas práticas tiveram melhora operacional de 30%, além de mais eficácia na programação de manutenções, prevenção de acidentes e identificação para coibir ações de infratores e assim poder proteger as pessoas que nelas circulam diariamente.

Rodovias modernas, mais eficientes e seguras, tanto nos aspectos de qualidade das vias, como de gestão de tráfego, prevenção de acidentes e assistência aos usuários, são possíveis e estão acessíveis. Mas diante da incapacidade de poder público investir, a saída é apostar na iniciativa privada. A urgência da sociedade deve ser compreendida e absorvida pelos administradores. Fechar os olhos para a tecnologia é fechar os olhos para o desenvolvimento do país e para a segurança das pessoas que trafegam nas estradas.

*Denis André Côté é vice-presidente da Genetec para América Latina, empresa canadense líder na indústria de segurança eletrônica e no fornecimento de soluções de segurança IP integrada e unificada. Graduado em Engenharia, fez MBA pela Universidade de Montreal, Canadá.
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