iNFRADebate: A busca das mulheres por equidade no mercado de trabalho

Rossana Zanella*

Ao longo dos anos, a atuação feminina no mercado de trabalho tem alimentado discussões sobre equidade, diversidade e o próprio papel da mulher na sociedade. A discrepância entre a participação feminina e masculina pode ser traduzida em números. Enquanto 71,64% dos homens estavam empregados em 2021, apenas 51,58% das mulheres tinham colocação, segundo uma pesquisa divulgada em março pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Se considerarmos que, no Brasil, a taxa de escolaridade feminina é maior e a renda média masculina chega a ser 20% mais alta, o desequilíbrio fica ainda mais escancarado. 

O ambiente para reforçar esse cenário desfavorável às vezes está dentro de casa, onde muitas meninas não têm incentivo para estudar nem para escolher uma profissão. Diante de muita resistência, piadas e insinuações machistas, elas deixam de acreditar no seu potencial e desistem de buscar um futuro melhor. E falo isso por experiência própria.

Após vencer essa primeira grande barreira dentro do lar, as mulheres se deparam com um mercado de trabalho que pode ser tóxico, onde ainda hoje há preconceito e assédio. Dados recentes do TST (Tribunal Superior do Trabalho) indicam que o Brasil registra sete casos de assédio sexual no trabalho por dia – e cerca de 90% das vítimas são mulheres. Ou seja, mais uma barreira a ser vencida por aquelas que querem e precisam trabalhar fora de casa.

Porém a luta feminina tem ganhado força. Hoje já é possível ouvir em todas as esferas da sociedade vozes atentas à necessidade de diminuir as diferenças. Várias empresas têm evoluído em busca da igualdade, abrindo oportunidades e aumentando a participação de mulheres em seus quadros, seja em funções operacionais ou em cargos de gestão. É uma mudança que ocorre em diferentes ritmos, de acordo com cada segmento. 

O mercado de trabalho em geral foi desenvolvido com base em estereótipos que preconizam que os homens são mais afeitos à razão e à objetividade, enquanto as  mulheres tendem à subjetividade e ao emocional. Assim, mesmo em pleno século XXI, áreas como tecnologia, física, engenharia e economia apresentam pouca presença feminina, seja nas universidades ou como força de trabalho. Recentemente, diversas iniciativas e programas de incentivo para fomentar a formação de mulheres têm surgido, especialmente em tecnologia. É um passo importante para que as meninas de hoje quebrem paradigmas e sejam protagonistas das transformações e inovações do futuro.

Na área de infraestrutura também há muito a ser conquistado. Por se tratar de um campo reconhecidamente masculino, as resistências contra a mulher nesse setor foram, e continuam sendo, grandes. Vale lembrar que, num passado não muito distante, as faculdades de engenharia eram compostas, majoritariamente, por homens. Quem pensaria que mulheres poderiam gerir obras monumentais, dirigir máquinas e fazer o socorro mecânico numa estrada, operando um guincho?

A evolução ocorre lentamente, mas, mesmo neste segmento, encontramos empresas que estão contribuindo para reconhecer o potencial feminino. A Arteris, onde sou gerente jurídica, é um exemplo disso e vem fazendo a diferença ao longo da sua história. A companhia valoriza e dá às mulheres oportunidades para cargos de liderança, além de aplicar políticas para manter um ambiente de trabalho positivo e inibir a ocorrência de qualquer tipo de assédio e discriminação. É uma das poucas empresas de infraestrutura que pode se orgulhar de ter metade do quadro da diretoria executiva composto por mulheres. Uma diversidade que também é vista nos demais cargos, inclusive na operação de guinchos. 

Tenho muito orgulho de fazer parte de uma empresa que valoriza o trabalho e a dedicação de mulheres que, como eu, tiveram de quebrar diversas barreiras para alcançar a realização profissional. Se antes a mulher nascia com o único intuito de ser a “rainha do lar”, hoje ocupa posições de destaque com sucesso. O caminho não é fácil, mas as dificuldades acabam lapidando os talentos femininos. Determinação, empatia, ética e otimismo, características tão femininas, transformam as mulheres em líderes que inspiram a todos pela garra e pelo exemplo.

*Rossana Zanella é gerente jurídica da Arteris Regional Sul desde 2020, companhia na qual atua desde 2008.
O iNFRADebate é o espaço de artigos da Agência iNFRA com opiniões de seus atores que não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto.

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