Fornecimento de energia é prejudicado pela falta de água e também de gás


  Leila Coimbra e Nestor Rabello, da Agência iNFRA

Diante de uma seca histórica que vem esgotando os reservatórios das hidrelétricas do país, o abastecimento de energia também está prejudicado no momento por falta de gás natural para as termelétricas gerarem eletricidade.

A Petrobras não conseguiu entregar todo o insumo contratado junto às térmicas, especialmente no Nordeste. E algumas das usinas não puderam gerar no mês de novembro, mesmo após determinação do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), por falta de combustível.  

A falta de gás ocorreu principalmente porque a estatal encerrou no início deste ano uma parte do seu contrato de importação da Bolívia, baixando a cota diária de 30 milhões de metros cúbicos para 20 milhões de metros cúbicos. E também porque caíram vertiginosamente as importações de GNL (Gás Natural Liquefeito). 

Segundo dados do MME (Ministério de Minas e Energia), as compras de gás da Bolívia – que atingiram uma média de 32 milhões de metros cúbicos/dia em 2015, pico do consumo – caíram para apenas 10 milhões de metros cúbicos em abril de 2020, auge da pandemia.

Já as importações de GNL, que atingiram 17 milhões de metros cúbicos na demanda máxima, despencaram para apenas 0,75 milhão (ou 750 mil) metros cúbicos diários em agosto de 2020, último dado disponível.

Bento e Bolsonaro
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, falou na última quinta-feira (3) sobre a delicada situação energética do país em live do presidente Jair Bolsonaro. “Os reservatórios estão muito baixos, presidente. Dentro dos registros que temos no Ministério de Minas e Energia, desde 2000 não se tem uma seca tão grande nos nossos reservatórios do Sul, e desde 2015, nos [reservatórios] do Centro-Oeste e Sudeste do país”, falou. 

“E isso nos levou a adotarmos medidas, como tendo que colocar nossas usinas termoelétricas gerando energia. 65% da nossa energia é gerada por hidroelétricas, e com os reservatórios de água estando baixos, temos que utilizar as usinas termoelétricas para suprir essa energia, gerar segurança de abastecimento e preservar aquilo que temos de água nos reservatórios.”

De fato, a precipitação média no submercado elétrico Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, foi a 2ª pior da história em quase 90 anos. No Sul, foi o pior de todo o histórico.

Essa seca pegou o governo e a Petrobras no contrapé. A estatal vinha comprando cada vez menos gás da Bolívia justamente por conta de uma penetração cada vez maior de fontes renováveis na matriz nacional, e na aposta da produção de gás do pré-sal, que no momento ainda não pode ser escoada para o consumo em território nacional.

Mais compras
Para tentar normalizar a situação, o Ministério de Minas e Energia autorizou a Petrobras a voltar a importar mais 10 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, no fim de outubro, com a YPFB, estatal boliviana.

Procurados, o MME, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) não se manifestaram.

Atualização: Nesta segunda-feira (7), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, negou a possibilidade de haver qualquer tipo de déficit do fornecimento de energia em função da crise hídrica que vem esgotando os reservatórios das hidrelétricas.

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