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Defasagem no preço dos combustíveis causa apreensão com mudança de política da Petrobras


   Nestor Rabello e Leila Coimbra, da Agência iNFRA

A defasagem entre os preços dos combustíveis no país e os praticados no mercado internacional tem deixado o mercado em alerta para a possibilidade de ingerência política na Petrobras. Analistas consideram que a estatal teria alterado sua política de precificação – antes de paridade com o exterior – segurando o aumento dos preços no mercado doméstico. 

Nos cálculos da Tendências Consultoria, a defasagem para a gasolina e o diesel atingiu 14,7% e 14,4% respectivamente, na última quarta feira (20). A estimativa já leva em conta o último reajuste aplicado pela estatal na terça-feira (19), de 7,6% para a gasolina. Os cálculos foram feitos com os preços divulgados pela Petrobras e a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Para o analista da Tendências, Walter de Vitto, o patamar de descolamento entre os preços nos mercados nacional e internacional indica uma mudança na política de preços da Petrobras. Desde o governo de Michel Temer, quando Pedro Parente assumiu o comando da petrolífera, em 2016, a paridade com o exterior passou a ser imediata, com reajustes diários, inclusive.

Mas na pandemia de Covid-19 a estatal passou a segurar os preços, segundo Vitto. Isso teria começado em meados de 2020.

“É uma diferença bastante grande [nos preços]. E quando vejo o histórico de precificação, para mim fica muito claro que há uma diferença forte da política de preços a partir da pandemia”, explicou o analista à Agência iNFRA.

Para o especialista, a alteração na política de precificação da estatal e o descolamento de preços pode trazer implicações negativas à empresa, sobretudo em relação à percepção de que a Petrobras teria retomado práticas populistas.

“Isso tem implicações. É uma política populista, na verdade, usar o preço de combustível e cobrar menos. Tem um cunho o qual foi apontado durante todo o governo do PT e, aparentemente, está se voltando a esse estigma”, salientou.

“Seria uma coisa se a política [de preços defasados] fosse um consenso nacional, alinhada com a sociedade. O grande problema é você divulgar uma política e depois fazer outra”, completou.

“O fantasma voltou”
Para o diretor do Cbie (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, há dúvidas sobre qual será a política de preços da Petrobras ao longo de 2021: “O fantasma [do intervencionismo] voltou. De julho a dezembro de 2020 os preços do petróleo aumentaram 40% e isso não foi repassado integralmente, fora o câmbio”, disse.

“E a expectativa é que ocorra uma alta ainda maior das commodities neste ano com a retomada da economia mundial e as vacinas. Há a expectativa de o petróleo chegar a atingir picos de US$ 70. Tem também o dólar. Como o governo e a Petrobras irão lidar com isso ainda é uma incógnita”, completou Pires. Na quarta-feira, o barril do petróleo tipo Brent fechou cotado em US$ 56.

Inflação sob controle
Entre analistas que acompanham a estatal de perto, e falaram sob condição de anonimato, o principal motivo pelo qual a Petrobras estaria sofrendo ingerência política, principalmente em um contexto de fragilidade econômica, seria para conter uma disparada da inflação. Um segundo motivo seria uma ameaça de greve dos caminhoneiros por conta do diesel.

Venda de refinarias
Especialistas acreditam que no futuro a Petrobras terá um menor poder de manipulação de preços no mercado, à medida em que avançar em seu programa de desinvestimento de ativos de refino. Nesta semana, a estatal informou que recebeu oferta da Ultrapar (que controla a Ipiranga) para compra da Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), no Rio Grande do Sul.

Concorrência 
Com preços mais baixos no mercado doméstico, as importadoras têm apontado uma prática anticoncorrencial por parte da estatal. No início do mês, a Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis) protocolou um ofício no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra a Petrobras.

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