Conflito entre Rússia e Ucrânia traz incertezas sobre o setor de energia no Brasil

Roberto Rockmann*

A invasão dos tanques russos à Ucrânia traz uma série de incertezas sobre o setor de energia no Brasil e no mundo. Se o preço do barril de petróleo e do gás se mantiver alto por longas semanas, o impacto será significativo sobre gasolina, diesel e poderá ainda respingar no setor elétrico.
 
“A chapa está quente demais, não dá ainda para analisar o que virá, tudo vai depender da duração dessa guerra e do tamanho da incursão russa e seus reflexos”, diz David Zylbersztajn, primeiro diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
 
Sobre o setor de energia as incertezas se referem também ao gás natural, cada vez mais importante no abastecimento das térmicas, e ao câmbio, cujo impacto é refletido em parte no IGP-M, usado em reajustes em diversos elos da cadeia. Estimativas de analistas apontam que os estoques atuais de gás na Europa poderiam atender à demanda por seis semanas.
 
Problemas no gás
Crise arrastada, respostas da Rússia no setor de energia às sanções do Ocidente e problemas nos gasodutos poderiam aumentar os preços e fazer, em último caso, empresas cancelarem o envio de gás a mercados não europeus para fornecer apenas para a Europa. Cerca de 40% do gás europeu é fornecido pela Rússia, com destaque à Alemanha (20%).
 
No Brasil, nesta quinta-feira (24), o diretor-executivo de Refino e Gás Natural da Petrobras, Rodrigo Costa, disse que o impacto sobre o preço do GNL será “significativo no custo”, mas não vê risco de suprimento no momento. De outro lado, o preço do barril alto impulsiona o balanço da estatal.
 
As sanções dos Estados Unidos e de outros países à 11ª economia mundial já fizeram alguns bancos europeus, como o UBS, irem atrás de clientes com bônus de empresas e do governo da Rússia para fazer a chamada de margem dos títulos, o que pode colocar alguns clientes em dificuldades.
 
O impacto sobre inflação, câmbio e juros no Brasil ainda é incerto, a depender da duração e extensão do conflito. Todos os olhares também estão voltados ao Banco Central dos Estados Unidos e sobre sua postura sobre a aquisição de títulos do país.
 
Pouco mais de três meses depois da COP26, cujo resultado pode destravar o mercado mundial de créditos de carbono, a guerra traz uma reflexão sobre o desafio das fontes renováveis e um mundo cuja matriz energética mundial ainda é baseada no petróleo.
 
O presidente do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), Ben Backwell, destacou que no esforço da descarbonização as fontes solar e eólica terão de responder por grande parte do consumo mundial em 2050.
 
“Nos últimos 12 meses, as empresas baseadas em combustíveis fósseis tiveram recuperação relevante de seus balanços diante de gargalos no suprimento e estão com lucros recordes e compra de ações, enquanto muitas empresas de energia renovável enfrentam dificuldades. Isso é um erro colossal de falha de mercado, que os políticos estão começando a despertar para ele. Alguma coisa terá de mudar e terá de ser rápido.”

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