CFT quer técnico industrial capacitado para georreferenciamento urbano

Em entrevista à Agência Geocracia, Solomar Rockembach, presidente da autarquia, reconhece carência de profissionais no mercado.

O recém-empossado presidente do CFT (Conselho Federal dos Técnicos Industriais), Solomar Rockembach, afirma que a autarquia está preocupada com a capacitação e especialização dos técnicos industriais, sobretudo após a norma da ABNT, que, a exemplo do que já acontecia com a área rural, tornou lei o georreferenciamento urbano, com demandas por serviço e precisão bem maiores. “O estímulo à capacitação já está sendo construído junto ao Ministério da Educação e também junto aos técnicos industriais”, afirma Rockembach em entrevista à Agência Geocracia, explicando que isso se dará por meio de bolsas de estudo, palestras em encontros setorizados nos ambientes acadêmico e profissional e ações de comunicação.

Presidente da Abeti (Associação Brasileira dos Técnicos Industriais), ex-presidente do Sintec-PR (Sindicato dos Técnicos Industriais do Paraná) e ex-diretor da Fentec (Federação Nacional dos Técnicos Industriais), Solomar reconhece que existe uma carência de técnicos no mercado e que é preciso acelerar a formação de novos profissionais: “Os técnicos de hoje surgiram na era da industrialização do país, período em que alunos do ensino técnico eram requisitados em sala de aula para atuar em empresas. A evolução industrial continuou acentuada nos últimos 40 anos, enquanto o ensino técnico ficou estagnado”, afirma, adiantando que o CFT vai trabalhar junto a parlamentares e governo para resolver o problema.

Acompanhe a entrevista na íntegra.

Nesta sua gestão que se inicia, quais serão as metas a serem batidas e como os técnicos de dados, principalmente aqueles voltados à geoinformação, podem ter o suporte da CFT na expansão do mercado de trabalho? Afinal, há redes, cidades e territórios inteligentes a serem geridos, há a inteligência artificial e muitas outras oportunidades…

As metas do CFT na gestão 2022/2026 estão voltadas à valorização profissional e proteção da sociedade. Para atingirmos esses objetivos já iniciamos o processo de incremento na área da comunicação, cuja mensagem principal coloca o técnico industrial em evidência no cenário do desenvolvimento social e econômico da nação. A profissão técnica industrial está presente nos diferentes setores da economia de países desenvolvidos como Alemanha, Portugal e Estados Unidos. Aqui no Brasil não é diferente, com mais de meio milhão de técnicos já registrados no Sistema CFT/CRTs, responsáveis pela emissão de aproximadamente três milhões de TRTs (Termos de Responsabilidade Técnica) nos últimos quatro anos, desde quando essa autarquia foi criada. Porém estima-se que mais de três milhões de técnicos estejam em atividade no Brasil, desconhecendo ainda a obrigatoriedade do registro nesse conselho de classe, criado com a finalidade de definir as atribuições, campos de atuação e prerrogativas profissionais. Por meio da publicidade, o CFT enaltece o exercício legal da profissão como instrumento de valorização da categoria e mostra à sociedade que o técnico industrial legalizado tem competência técnica, comprovada experiência e é fiscalizado na elaboração de estudos ou na execução de projetos e serviços.

Em relação à geoinformação, é importante destacar que inúmeras modalidades técnicas têm conexão com essa área de estudos, indispensável para o desenvolvimento humano, tecnológico e territorial. No âmbito das competências do CFT, os profissionais que atuam nessa área têm o amparo desse conselho na emissão das resoluções que normatizam a profissão, incremento na fiscalização com a finalidade de coibir o exercício ilegal da profissão, além de incentivos para a capacitação permanente. Em paralelo, o CFT estimula o ensino técnico, inclusive apoiando e premiando projetos científicos, assim como ocorreu na programação da Semana do Técnico Industrial 2022 e na Mostratec 2022, oportunidade em que o CFT e seus respectivos regionais estiveram presentes e oportunizaram a participação de estudantes brasileiros em feiras de ciência e tecnologia, inclusive nos Estados Unidos.

Existem mais de 672 mil técnicos registrados nos bancos de dados do CFT. Quais são as principais demandas desses profissionais?

Importante ressaltar que o CFT não tem as prerrogativas de sindicato. Esse conselho, criado por legislação específica, é uma autarquia federal que opera como órgão normativo, exercendo funções que, por extensão, competem ao Poder Executivo da União. Deste modo deve-se observar que o CFT deve atuar em benefício da sociedade e a favor de uma categoria. Porém, a missão estabelecida pelo nosso planejamento estratégico coloca o CFT como agente da valorização profissional, pautado pelo princípio da ética e compromisso com a qualidade, segurança e inovação. Pelo poder emanado e por ser constituído exclusivamente por técnicos industriais na sua diretoria executiva e no colegiado máximo, o CFT também atua politicamente em questões que fogem da sua alçada de responsabilidade, como, por exemplo, a defesa do piso salarial mínimo da categoria, a defesa da valorização da pós-graduação técnica e, principalmente, o reconhecimento por parte de empresas e instituições públicas e privadas sobre o direito do técnico industrial como profissional habilitado para emitir TRTs nas áreas de atuação de sua competência, assim como ocorre com engenheiros, arquitetos e outras profissões regulamentadas.

Recentemente, o plenário do CFT aprovou proposta que permite a cada profissional assumir a responsabilidade técnica de até cinco empresas, incluindo a sua própria pessoa jurídica. Por que isso é importante para os técnicos industriais?

É muito importante porque amplia as oportunidades de trabalho e valoriza os técnicos industriais. Essa é uma demanda reivindicada pela categoria e que foi atendida pelo CFT, beneficiando técnicos industriais que atuam como agentes do desenvolvimento e que, a partir dessa normativa, podem ampliar o número de empreendimentos sob a sua responsabilidade técnica.

O CFT tem se mostrado atento ao tema da carência de profissionais no mercado, tanto para reposição dos que se aposentam quanto para aprimorar os que já estão trabalhando. Como acelerar a formação de profissionais para suprir essa necessidade nacional com qualidade e legalidade?

Estudo recente do Observatório Nacional da Indústria Senai/CNI revela que o Brasil terá que qualificar cerca de 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais. Em termos quantitativos, isso significa que três a cada quatro trabalhadores precisarão passar pela formação. Do total de quase 10 milhões, 2 milhões precisarão de formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 7,6 milhões precisarão de formação continuada. Os dados são alarmantes e precisam ser tratados com seriedade pelos governos, empresas e também pelas instituições ligadas ao ensino técnico. Os técnicos de hoje surgiram na era da industrialização do país, período em que alunos do ensino técnico eram requisitados em sala de aula para atuar em empresas. A evolução industrial continuou acentuada nos últimos 40 anos, enquanto o ensino técnico ficou estagnado. Entendo que a formação de novos profissionais precisa ser tratada como prioridade pelas autoridades. A nossa diretoria tem esse entendimento e essa mensagem será levada às autoridades por meio da articulação política que será feita com deputados, senadores e com a Presidência da República.

Conforme determina recente norma da ABNT, o georreferenciamento urbano passa a ser lei, a exemplo do que acontece com a área rural. Como o CFT pretende contribuir para a especialização dos técnicos, já que, no caso urbano, a demanda por serviços e as exigências de precisão serão muito maiores?

O estímulo à capacitação já está sendo construído junto ao Ministério da Educação e também junto aos técnicos industriais. A consciência coletiva será estimulada por meio de ações efetivas na área da comunicação, desenvolvimento de projeto social visando implantar a bolsa estudo, além de palestras em encontros setorizados nos ambientes acadêmico e profissional.

As opiniões dos autores não refletem necessariamente o pensamento da Agência iNFRA, sendo de total responsabilidade do autor as informações, juízos de valor e conceitos descritos no texto.

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