Câmara aprova projeto das distribuidoras da Eletrobras com texto idêntico ao da MP 814

Câmara aprova projeto das distribuidoras da Eletrobras com texto idêntico ao da MP 814

11 de julho de 2018

 

Leila Coimbra, da Agência iNFRA

O setor elétrico obteve ontem (10) uma importante vitória no Legislativo: os deputados aprovaram o projeto de lei que viabiliza a venda das seis distribuidoras da Eletrobras (PL 10.332/18), com emenda que prevê uma solução para o risco hidrológico. É esperada para hoje (11) a votação da matéria no Senado.

Quórum surpreendeu
Ao contrário das semanas anteriores, quando o quórum raramente ultrapassou 300 deputados presentes (de um total de 513 eleitos), ontem o registro de presenças ficou praticamente o tempo todo mostrando um número acima de 400 parlamentares em plenário, a partir da ordem do dia, no início da noite.

Com isso, houve uma relativa folga da base governista para aprovação do projeto de lei 10.322/18, apesar da tentativa da oposição em obstruir a votação e das ameaças da bancada do PT de impedir o andamento dos trabalhos legislativos, em protesto contra a manutenção da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

GSF no texto
Permaneceu no texto aprovado a emenda que propõe uma solução para o chamado risco hidrológico (GSF na sigla em inglês), um imbróglio de mais de R$ 6 bilhões no mercado de curto prazo de energia.

O texto do PL reconhece que as hidrelétricas não devem arcar com a responsabilidade sobre os atrasos em obras que impedem a transmissão de energia. E propõe prorrogar as concessões dessas usinas como forma de compensação. Para isso, os donos das hidrelétricas terão que desistir das ações judiciais em curso atualmente, possibilitando destravar o mercado de curto prazo, atualmente parado por liminares da Justiça.

Cópia da MP 814
O texto final do PL 10.332/18 ficou muito próximo ao da MP (medida provisória) 814. O projeto de lei foi enviado ao Congresso justamente para substituir a medida provisória, que perdeu sua validade em 1º de junho, sem ser votada.

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Mesmo relator
Foi escolhido como relator da matéria o deputado Júlio Lopes (PP-RJ), que foi o responsável pelo texto da MP 814. No fim das contas, estava praticamente tudo lá: o GSF (risco hidrológico); o reajuste do gás para usinas do PPT (Programa Prioritário de Termelétricas); e a ampliação da tarifa social para mais consumidores, de até 70 kWh, entre outros.

Angra e Dutogas de fora
A exceção ficou por conta do aumento da tarifa da usina nuclear de Angra 3, e do fundo para a construção de gasodutos com dinheiro do pré-sal, o Dutogas.

O aumento da tarifa de Angra 3, que possibilitaria a conclusão das obras de construção da usina, deverá ser viabilizada por meios infralegais – sem a necessidade de aval do Legislativo, segundo análise de especialistas. Um grupo de trabalho interministerial foi formado para tomar as medidas necessárias. Já a proposta do Dutogas, não deverá ser viabilizada, por enquanto.