Brasil pode dobrar oferta de escoamento de gás no curto prazo, diz secretário do IBP


Guilherme Mendes, da Agência iNFRA

Com a entrada de novos empreendimentos de escoamento de gás, assim como a reabertura da disputa em projetos que já estão em operação, o Brasil tem a capacidade de dobrar, no curto prazo, a sua oferta de gás natural. A análise é do secretário-executivo de gás natural do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), Luiz Costamilan. 

A principal expectativa para essa expansão, apontou o secretário, é a malha de gasodutos da chamada Rota 3. O investimento, que deve atuar no escoamento da produção da bacia de Santos para o Comperj, no Rio de Janeiro, deve entrar em operação em 2021. Com uma capacidade de escoar até 21 milhões de m³ por dia, Costamilan calcula que só sua entrada pode aumentar em 40% a capacidade de escoamento do pré-sal. 

O outro evento citado por Costamilan ocorreu na última sexta-feira (14): a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) reiniciou a chamada pública para a alocação de capacidade no Gasbol, o Gasoduto Brasil-Bolívia. Os 10 milhões de m³ em disputa são o volume do qual a Petrobras abriu mão no final de 2019. Segundo a agência reguladora, a expectativa é que o resultado seja conhecido em 14 de setembro, e a prestação de serviços seja iniciada ainda neste ano.

Com isso, defendeu Costamilan, o país possui no momento infraestrutura suficiente para escoar sua demanda de gás natural. “O mercado brasileiro está abastecido”, disse. “No curto prazo, pode-se duplicar a oferta.”

O secretário defendeu que a infraestrutura para escoar o gás de novos campos e bacias tem de ser debatida no futuro, quando for identificada uma demanda ampla pela commodity. “Aí caberá ao BNDES e aos governos estaduais a obrigação de criar condições para esses investimentos”, disse.

PL do Gás é “novo paradigma”
Costamilan se mostrou otimista ao PL 6.407/2013, que cria um novo marco do gás no país. Segundo o executivo do IBP, a possibilidade de acesso ao transporte e infraestrutura marca “uma quebra de paradigma”.

“Ao permitir que outros fornecedores, que não a Petrobras, atinjam este grande consumidor, por meio dos acessos às infraestruturas essenciais e ao sistema de transporte, criam-se condições de competição no Brasil”, afirmou. “E isso terá um impacto muito importante em termos de reindustrialização, desenvolvimento, crescimento e de atração de investimento no consumo, ou para o consumidor. Por isso esse sentido de urgência.”

O PL 6.407/2013, que tramita em regime de urgência pela Câmara dos Deputados, não está incluído na pauta de deliberações desta semana. Na terça-feira passada (11), o relator do projeto, Laercio Oliveira (PP-SE), buscou cravar a votação entre hoje e quarta-feira (19), mas o texto ainda não foi incluído na pauta de deliberações.

O principal desafio do PL do Gás, segundo Costamilan, é a construção de práticas para que os novos fornecedores exerçam seus empreendimentos. O setor, segundo o secretário do IBP, tem ativos que interessam a investidores no mundo todo: a compra de 90% da NTS (Nova Transportadora Sudoeste) por um consórcio de investidores liderados pela Brookfield e a participação majoritária da Engie na TAG, que atende o Nordeste, totalizariam R$ 50 bilhões em investimentos, segundo o IBP.

Interiorização com base econômica
A possibilidade de interiorização dos gasodutos, que hoje estão mais próximo dos campos de exploração, na região costeira do país, poderia trazer a commodity mais próximo de grandes centros consumidores do país e que não estão no litoral. Sem competitividade econômica, argumentou Costamilan, tal investimento pode não valer a pena.

“Somos favoráveis à interiorização, mas não a qualquer custo”, defendeu. “Quem defende a interiorização tomando como exemplo o saneamento e a energia elétrica, falam de duas atividades que não têm competição. Ou se tem energia elétrica ou se tem vela; ou se tem saneamento ou não se tem água, esgoto e saúde”, comparou.

Segundo Costamilan, o interior do Brasil tem, hoje, muitas alternativas para o gás natural. Para ele, o que faria o consumo no interior crescer a ponto de compensar o investimento em gasoduto seria um ganho de escala, com redes mais amplas atendendo residências.

“Nos países desenvolvidos, há redes mais amplas, porque consumos por residência são muito maiores. Quando a escala é pequena, como no caso do Brasil, onde não se usa gás para aquecimento, cria-se um cenário com alternativas mais econômicas”, concluiu.

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