BNDES: Crise hídrica tem pouco impacto no calendário de capitalização da Eletrobras


Ludmylla Rocha, da Agência iNFRA

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), atual responsável pelo avanço da capitalização da Eletrobras com a elaboração dos estudos de modelagem do processo, vê com tranquilidade o cumprimento do cronograma para a oferta pública de ações da companhia, mesmo com um eventual agravamento da crise hídrica.
 
O banco de fomento estima que a capitalização seja feita em fevereiro de 2022. Na avaliação do diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão, o ajuste final dependerá do momento, mas ele não vê “nenhuma mudança” no horizonte por conta do impacto dos baixos níveis nos reservatórios que abastecem o SIN (Sistema Interligado Nacional).
 
Em entrevista à Agência iNFRA, o diretor ressaltou que o investidor de infraestrutura pensa no longo prazo e vê com bons olhos o potencial crescimento da empresa em termos de eficiência e performance por causa da capitalização. “Isso tudo é maior do que uma questão circunstancial, na nossa visão. […] Nos grandes tickets, eles [investidores] entram e ficam algum tempo”, afirmou.
 
Para Lidiane Delesderrier Gonçalves, superintendente da Área de Estruturação de Empresas e Desinvestimento do BNDES, a crise hídrica pode ser até um incentivo, já que a privatização está inserida nas iniciativas de modernização do setor. “O destravamento de investimentos da Eletrobras faz parte desse ‘big picture’ de modernização setor, com impactos diretos na crise do sistema”, disse.
 
O banco é responsável pelos estudos de modelagem da capitalização. Pretende entregá-los até 30 de setembro. A proposta segue para aprovação do CPPI (Conselho de Programa de Parcerias de Investimentos), o que deve ser feito até 15 de outubro, de acordo com o próprio BNDES.

Depois desta etapa, será submetido ao aval do TCU (Tribunal de Contas da União), e a expectativa é que, em meados de janeiro de 2022, por fim, haja a aprovação da emissão das novas ações em assembleia. O lançamento das ações é previsto para fevereiro.
 
Público-alvo da operação
Os representantes do banco não detalharam quem devem ser os grandes interessados nos papéis da maior empresa de energia elétrica da América Latina. A superintendente Lidiane Delesderrier citou, no entanto, a possibilidade de procura de mercados internacionais para contemplar o volume de ações, caso seja numeroso.

“O mais provável de acontecer é que você precise acessar todos os tipos de bolsa, tanto nacional quanto em nível internacional. Vai ter que trabalhar tanto em mercado pulverizado, varejo, pessoas físicas, quanto em bolsas específicas de fundos e empresas que tenham interesse, grandes operadoras do setor, obviamente limitado aos 10% que está previsto na lei”, citou.
 
Questionados sobre um eventual impacto da golden share na atratividade para o mercado, Fábio Abrahão descartou: “A nossa avaliação é que não [diminuirá o apetite]”.
 
Formação da nova estatal
Ainda não há detalhes sobre a empresa pública que abarcará a Eletronuclear e a parte brasileira de Itaipu Binacional, hoje sob o guarda-chuva da Eletrobras. A recém-sancionada Lei 14.182/2021 mantém ambas sob o comando estatal.
 
O BNDES avalia, no entanto, que a companhia terá saúde financeira para dar andamento às atividades. “Há dois movimentos: um que é terminar a infraestrutura e outro que é tocar a companhia. A gente acha que está um bom número naquilo que está separado no Orçamento [cerca de R$ 4 bilhões para tocar as obras de Angra 3] e depois tem uma continuidade. A gente não vê perigo”, avaliou Abrahão.
 
Entre os gastos previstos nos próximos anos está a conclusão da usina nuclear. O governo espera que as obras sejam concluídas até 2026. A herdeira de Itaipu também precisará destinar parte do seu lucro para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).

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