Alterações no ICMS de combustíveis “são muito importantes”, diz CEO da Vibra

Ludmylla Rocha, da Agência iNFRA

O presidente da Vibra Energia, Wilson Ferreira Jr., afirmou na última quinta-feira (3) que as mudanças na cobrança de ICMS sobre combustíveis previstas no PLP 11/2020, que deve ser votado no Senado nesta semana, “são muito importantes” para este mercado e estão sendo realizadas num bom momento.

“Seria o momento certo para fazer, inclusive, agora e parar com essa volatilidade exagerada do preço dos combustíveis”, disse à Agência iNFRA. Ele defendeu que a opção de cobrança por ad rem (valor em reais por litro) em vez de ad valorem (percentual sobre o preço da venda) contribuirá para maior estabilidade nos preços.

“Num momento como este aqui, de grande dificuldade, você deve ter visto que no ano passado todos os estados acabaram tendo arrecadação maior em grande medida aqui por conta de que a vida voltou, a atividade econômica voltou, consumiu-se combustível, o combustível subiu e a arrecadação de imposto subiu na mesma proporção. Então se recebia mais. Isso parece ser algo que, num ambiente de recuperação econômica, claramente não gera eficiência máxima”, opinou.

O ex-presidente da Eletrobras também elogiou a iniciativa de cobrar o imposto monofasicamente, apenas do produtor. “Vai permitir que a gente tenha no tempo pelo menos uma alíquota até menor, mesmo que fixa, se você tiver uma eficiência maior na arrecadação. Então são duas coisas que a gente acredita que vão ser muito importantes: o debate e que elas aconteçam”, disse, atribuindo o avanço à queda de sonegação.

Fundo de estabilização de preços
Questionado sobre o outro projeto que deve ser pautado sobre o tema, o PL 1.472/2021, que cria um fundo de estabilização de preços de combustíveis, Ferreira disse que o tema é controverso, e que experiências no exterior não têm sido bem-sucedidas. “Talvez existam instrumentos melhores para fazer isso”, avaliou.

Ele considera mais eficientes as iniciativas que foram em parcelas da população que são mais vulneráveis e, portanto, mais afetadas proporcionalmente pela alta de preços dos combustíveis, “senão todo mundo recebe” independentemente da renda.

Oscilação no preço do petróleo
Para Ferreira, opinar sobre a crise na Ucrânia é algo muito incerto, mas, caso a guerra termine logo, o preço do barril deve se estabilizar, voltando ao patamar anterior. “O petróleo está mais caro, assim como o dólar está se valorizando no mundo inteiro, por conta do risco da guerra. Acredito que, obviamente, você está com um cenário que você está com uma conjuntura muito ruim. […] Então trabalho com a hipótese de, se a guerra acabar, […] isso deve trazer os preços de novo para a normalidade, que seria algo ali normalmente abaixo de US$ 100 [o barril], idealmente próximo de US$ 80, se fosse uma coisa de equilíbrio, mas abaixo de US$ 100.”

Caso o conflito se estenda, porém, ele vê que a Petrobras deve agir de forma mais incisiva em relação aos preços. “A Petrobras não olha só o preço do petróleo, ela olha o preço do petróleo multiplicado pelo câmbio. [O câmbio] está permitindo-a segurar um pouco. Se não houver esse arrefecimento, eu acredito que ela vá ajustar tanto a gasolina quanto o diesel”, avaliou.

O CEO explicou ainda que essa definição, no entanto, não depende só da estatal de petróleo. “É uma coisa que não é da responsabilidade dela. Ela, de alguma maneira, é complementada por nós. Somos importadores, então o volume inteiro de combustível, de diesel, da gasolina é da Petrobras e do volume das distribuidoras que importam. E, obviamente, o preço final é decorrente de um mix que a gente está comprando hoje um pouco mais barato da Petrobras do que do mercado internacional, mas está incorporando uma coisa à outra.”

Abertura do mercado de energia
O líder da companhia também comentou o avanço da empresa rumo ao mercado de energia elétrica por meio da assunção da Comerc e da Targus – o que criou a maior comercializadora de eletricidade do país. A Comerc foi notificada da intenção de aquisição por parte da Vibra na quarta-feira (2).

Ele explicou que a iniciativa independe do prazo que for fixado pelas novas legislações para abertura desse mercado. Para ele, “é uma questão de tempo”. “Esse mercado vai sim se abrir porque é o que está acontecendo no mundo inteiro”, completou.

“Se você me perguntar: vocês olharam os PLs que estão em discussão? Óbvio que a gente deu uma olhada, mas nós não tomamos a decisão com base nisso”, disse sobre os dois projetos de lei em tramitação que tratam do assunto: o PL 414/2021, defendido pelo governo, e o PL 1.917/2015, ambos na Câmara dos Deputados.

Integração de clientes
Ferreira explicou que, inicialmente, a companhia já conta com um mercado próprio de clientes que podem ser incorporados: 18 mil clientes corporativos, 30 milhões de consumidores que passam nos postos e os próprios 8.127 postos de combustíveis.

“Nós queremos adicionar à nossa plataforma de combustíveis, que é a maior de todas, as energias que os consumidores vão querer daqui pra frente”, disse. “[Nós queremos] continuar crescendo tendo uma perspectiva de longo prazo, e ela significa que a gente precisa diversificar o nosso portfólio, aumentar o nosso portfólio, para quando o cliente falar que molécula elétron quer, onde ele quer, a gente vai originar e entregar”, completou.

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