Reajuste médio das distribuidoras de energia dobrou em 2018

Lucas Santin, da Agência iNFRA

O reajuste tarifário médio das distribuidoras de energia elétrica em 2018 chegou a 14,15%, segundo levantamento com informações de 29 empresas feito pela Agência iNFRA com dados do sistema da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). O número é praticamente o dobro do verificado no ano anterior, em pontos percentuais, de 7,63%.

Neste ano, a expectativa é de que ocorra uma redução dos índices verificados no ano passado. Segundo projeção da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres) a média de reajuste para os consumidores do mercado regulado deve ser entre 4% e 5% em 2019. Neste tipo de mercado, a compra e a venda de energia têm regras, estabelecidas pela ANEEL e pelo Ministério de Minas e Energia.

O coordenador de Energia Elétrica da associação, Victor Hugo Iocca, destaca que o resultado do índice depende da época do ano em que ocorre, já que a geração de energia depende da quantidade de chuva. “Uma distribuidora que passa pelo processo tarifário agora em março, e outra que vai passar em outubro, apesar de ser o mesmo ano, pode ser completamente diferente. Uma pode ter aumento e outra, redução.”

Um dos motivos dos altos reajustes verificados no passado recente é a participação da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) na tarifa, que vem numa curva ascendente. “A CDE é o maior encargo setorial, e que todos os consumidores pagam. Proporcionalmente, as grandes indústrias pagam muito mais CDE do que o consumidor de baixa tensão (pequenos consumidores, como residenciais)”, afirmou Iocca.

Para o executivo, outro motivo da elevação das tarifas é o risco hidrológico (GSF, na sigla em inglês), que significa falta de chuva nas usinas. “O custo médio com a energia aumentou muito para as distribuidoras. Principalmente por causa do GSF”, comenta.

Mercado livre: impacto ainda maior
Os consumidores livres, que negociam a energia diretamente com os vendedores sem intervenção da ANEEL, perceberão um impacto maior que os consumidores cativos neste ano. Isso se deve ao aumento da TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição), paga pelo consumidor livre à distribuidora de energia pelo uso do sistema. Victor Hugo se refere a essa tarifa como “custo do fio”.

“No custo do fio, a gente está enxergando um aumento entre 20% e 30% para este ano. Então, uma grande indústria, mesmo aquela que já se protegeu na sua contratação de energia, ela vai perceber em 2019 um aumento muito relevante”, disse Iocca. Segundo a Abrace, o aumento percebido em 2018 foi de 40% no fio, em média.

Reajuste de 38,5%
Um dos maiores reajustes concedidos no ano passado foi para a distribuidora Boa Vista Energia, que atua no estado de Roraima: 38,5%, em média, em 2018. No ano anterior, a empresa teve reajuste médio em 35,26%. Somente em relação à compra da energia, o número passou de 13,94% para 19,60%, na comparação do mesmo período.

A explicação dada pela agência reguladora é que a área em que a Boa Vista atua está isolada do SIN (Sistema Interligado Nacional), o que fez com que a energia comprada pela empresa ficasse muito acima da média nacional.

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