O custo da ruína das concessões rodoviárias

 Dimmi Amora, da Agência iNFRA

 

A semana passada foi marcada por dois eventos relevantes na área de concessão de rodovias. O primeiro foi o início do processo que pode levar à caducidade da concessão da Concer, do grupo Triunfo, que administra a BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG).

O outro, o retrocesso nas negociações para que a estatal EGR (Empresa Gaúcha de Rodovias) assuma provisoriamente a administração da BR-290, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), após a Concepa, também do grupo Triunfo, se recusar a administrar a via com o fim de seu contrato.

Nos dois casos as rodovias apresentam claros sinais de deterioração, o que terá como consequência o aumento de custo para os usuários dessas estradas pelos problemas que vão surgir, como o encarecimento da manutenção dos veículos, a redução de velocidade do trecho, entre outros.

Como é intenção do governo conceder as duas vias no futuro próximo, esses mesmos usuários vão pagar mais caro para que a via seja recuperada depois porque esse custo será precificado por qualquer das empresas que assumir o compromisso de administrá-las. Não há almoço grátis: a conta que não é paga agora, será paga amanhã.

Praticamente todo sistema de concessões rodoviárias do Governo Federal apresenta graves problemas. Além dessas duas rodovias da Triunfo, uma concessão já teve a caducidade decretada. Duas pediram para devolver amigavelmente a concessão. E a ANTT já prepara o início de outros processos que podem levar à caducidade de mais concessões.

Claramente virou uma bagunça e os atores responsáveis não estão caminhando minimamente para uma solução.

É necessário refletir o quanto isso está custando para a sociedade. Até agora, o que se tem visto é uma conta parametrizada pelos antolhos dos valores financeiros, que invariavelmente recai na equação de que algum custo, seja obra, seja pedágio, seja capina, está errado (para mais ou para menos, a depender do olhar de quem aponta).

É preciso retirar esses antolhos dos responsáveis, de todas as partes, para que possam enxergar outros custos para a sociedade. Não são poucas as imagens de prejuízos causados pela ruína do sistema.

Uma visita ao Youtube e será possível ver carros rebocados como se fossem lixo, veículos parados por acidentes, pessoas morrendo por falta de uma assistência mínima nas rodovias. Isso custa muito caro para todos, apesar de ser a conta que ninguém vê porque é dividida pelos 208 milhões de pagantes de impostos.

Quem está sentado atrás de uma cadeira no conforto do ar condicionado deve pensar com mais profundidade sobre isso, antes de colocar mais ou menos 5%, 15% ou 30% na sua planilha de excel e brigar por isso como se fosse vencer a Guerra Santa. Uma vida vale mais que isso.

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