INFRADebate: Investimentos rumo ao Norte

*Murillo Barbosa

Os rios brasileiros cortam importantes pontos do país e precisam ser uma alternativa cada vez mais viável na rota logística do transporte de cargas e no escoamento da produção nacional. Além de menos poluentes, as embarcações têm custo 90% mais barato que outros tipos de transportes.

Na região norte do Brasil, na rota do Arco Norte, embarcações conseguem atravessar os estados do Amazonas, Rondônia, Pará, Manaus e Amapá e transportam grãos que chegam a importantes terminais portuários. Segundo o Ministério dos Transportes, em 2017, mais de 50 milhões de toneladas foram movimentadas em toda a região, um aumento impactante que superou 80% de crescimento em relação a 2016.

Não longe dali, a Barra Norte do Rio Amazonas é utilizada como rota de saída para a navegação marítima. A soja e o milho seguem para o mercado externo, tendo como principais destinos a Ásia e a Europa. Ao longo dessa passagem, há pontos que limitam a navegação à profundidade de 11,50m o que impede que as embarcações trafeguem com sua capacidade total de carga, impactando no aumento de custos e riscos logísticos para o setor.

Na busca por uma solução para essas limitações, há dois anos a Associação dos Terminais Portuários Privados (ATP) atua à frente do Projeto Barra Norte, que visa conseguir permissão para ampliação do calado – que corresponde à altura da parte do casco que fica submersa – nos navios que passam pela região da Barra Norte do Rio Amazonas.

O projeto tem como base um estudo acadêmico, elaborado pela Professora Dra. Susana Vinzon, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir do embasamento técnico, a expectativa do projeto é que com a ampliação de apenas 20 cm do calado, cada navio possa transportar 1.800 toneladas a mais do que é comercializado hoje. O aumento da profundidade previsto poderá ultrapassar um metro, além de melhorar a segurança da navegação.

Apresentado aos órgãos executores do setor de transporte e logística, o projeto ganhou apoio do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA) e teve convênio firmado com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Marinha do Brasil para a disponibilização de recursos para a sua implementação.

Em julho deste ano, a Marinha autorizou os primeiros testes de navegação na região do Canal do Curuá, onde o calado foi ampliado de 11,50 metros para 11,70 metros – o que permite que os navios do tipo Panamax possam carregar mais 1.800 toneladas de grãos. Além da diminuição de custos logísticos e da otimização das operações de escoamento de grãos e minério na região, a medida traz uma discussão fundamental para melhorias de segurança da navegação na região, fomentando investimentos, aumentando a competitividade dos terminais e proporcionando desenvolvimento econômico e social nos níveis local e regional.

Somados a essas expectativas, os resultados alcançados no ano passado comprovam a necessidade urgente de ampliação do calado no Barra Norte. Para se ter uma ideia, as associadas da ATP dão prova da capacidade dos terminais da região. No Pará, a Hidrovias do Brasil foi destaque no segmento portuário privado na região. No mesmo estado, o Terminal Vila do Conde registrou crescimento de 92%, resultado cinco vezes maior do que em 2016. Já os terminais graneleiros Hermasa, Porto Chuelo (Amaggi) e Fronteira Norte (Bunge) registraram aumento no escoamento de cargas de 32%, 48% e 56%, respectivamente. No Amazonas, o Grupo Chibatão movimentou 63% a mais no período. Dados como esses apontam o quanto a eficiência na operação dos portos privados ainda pode crescer.

Por isso, esse é um passo extraordinário para o avanço e a concretização do Barra Norte. Com a participação dos profissionais da Zona de Praticagem (ZP) 1, que fica entre as cidades de Fazendinha (AP) e Itacoatiara (AM), será possível realizar manobras experimentais pelo Canal do Curuá e pela zona do arco lamoso, como previsto pela Marinha.

Acreditamos que com a habilidade e o conhecimento dos práticos da região haverá ainda mais contribuições para concretizar o projeto defendido pela ATP. Assim, fortaleceremos a saída de escoamento de produção pelo Norte, comprovando a vocação da região para o desenvolvimento do país.

* Murillo Barbosa é presidente da Associação de ATP (Terminais Portuários Privados)

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