Estado precário das piores rodovias brasileiras é resultado de baixos investimentos, diz CNT

 

Cláudia Borges, da Agência iNFRA

As 15 piores ligações rodoviárias do país têm 73,8% da extensão da malha comprometida com desgastes, trincas, afundamentos, buracos, ondulações e remendos.

Somente para resolver os problemas destas rodovias são necessários R$ 5,8 bilhões. Mas a realidade é bem diferente. Ao logo de 14 anos, de 2004 a 2017, as ligações receberam, em média, R$ 400 milhões por ano, mostra um estudo elaborado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte).

O montante total dos investimentos públicos feitos no período foi de R$ 5,7 bilhões, o que equivale a R$ 66,51 mil por quilômetro a cada ano, menos da metade da média nacional em 2017, que foi de R$ 144,2 mil por quilômetro.

Os baixos investimentos nas ligações rodoviárias ficam mais evidentes quando comparados com os custos médios gerenciais divulgados pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), segundo o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Para manutenção, são necessários R$ 308,00 mil por quilômetro de rodovia, em média.

“A insuficiência de investimentos na malha juntamente com a falta de planejamento são as principais causas da precariedade das rodovias, esquecidas”, explica o diretor-executivo da CNT.

Principais problemas
As rodovias analisadas estão localizadas, em sua maioria, nas regiões Norte e Nordeste do país e 99% estão sob gestão pública. No estudo foram analisadas as condições de sinalização, geografia da via e pavimento de 6,1 mil quilômetros de extensão de rodovias. Mas a geometria da via foi a característica que recebeu a pior classificação: 85,3% da extensão foram considerados Regular, Ruim ou Péssimo.

A avaliação deve-se à existência de pista simples de mão dupla em 97,2% da extensão, à falta de faixa adicional de subida em 88,5%, ausência de acostamento em 56,3% e de dispositivo de proteção contínua em trecho onde há necessidade em 64,9%. A ligação entre os municípios de Marabá e Dom Eliseu, no Pará, foi a que apresentou o pior estado entre as 15 rodovias selecionadas.

Custo da Ineficiência
A precariedade das 15 piores ligações rodoviárias resulta em custos, tanto devido ao aumento no número de acidentes, quanto operacionais. Somente ano passado, ocorreram 3,1 mil acidentes nestas ligações, que representaram para sociedade custos de R$ 456,76 milhões.

O diretor-executivo da CNT destacou que os custos operacionais adicionais dos transportadores causados pela precariedade das rodovias aumentam em 28,7%. “São gastos com manutenção dos veículos, consumo extra de combustível, compra de insumos como peças e pneus que acabam estragando mais. Esse é o reflexo no custo Brasil, pois esses gastos de alguma forma são repassados para a cadeia de consumo”, explicou.

Batista lembrou que um estudo sobre a logística do Brasil elaborado em 2014 pela CNT indicava que seriam necessários R$ 294 bilhões para realizar todas as correções necessárias no modal rodoviário, incluindo duplicações, construções e manutenção.  “Se dividirmos este montante pelo valor aplicado em 2017, que foi de R$ 7,8 bilhões, levaríamos cerca de 37 anos para construir tudo que está hoje diagnosticado como necessário”, enfatizou Batista.

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