Em alto e bom som, Câmara dos Deputados diz sim à reforma da Previdência

Bernardo Gonzaga, da Agência iNFRA

Os gritos de exaltação dos 379 deputados que aprovaram o texto-base da reforma da Previdência foram ouvidos em todos os cantos dos corredores que dão acesso ao plenário da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (10).

Gritos esses que estavam entalados na garganta de muitos deputados da última legislatura, mas não do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, que era contra a medida quando exercia seu último mandato na Casa Legislativa. Mas, mesmo assim, comemorou. “GRANDE DIA”, disse no Twitter.

Se a aprovação foi ovacionada pela ala de deputados conservadores que se elegeram apoiados na fala de Bolsonaro de mudar “isso tudo que tá aí”, o mérito da aprovação também se deu pelo discurso carimbado da esquerda, que nem quando percebeu que a batalha estava perdida e que a reforma iria passar na Casa, mudou sua postura para tratar a matéria com o devido respeito que ela merece.

“Pobres”, “tira de quem tem menos”, “não vão se aposentar”, “não combate os privilégios”, foram os argumentos de deputados de PT, PSOL, PCdoB e PSB durante o dia de votação. Argumentos que estão sendo repetidos por esses mesmos partidos há dois anos, quando a importância da reforma veio à tona ainda no governo Temer.

Se o ex-presidente não viu seu projeto de mudar a aposentaria avançar no Congresso, seu esforço de colocar a matéria em pauta já foi suficiente para trazer a discussão na sociedade. Pesquisa Datafolha mostrou no início deste mês que 47% da população brasileira são a favor da reforma e 44%, contra. No mês de maio de 2017, a medida era aprovada por apenas 23% e rejeitada por 71% da população.

Essa mudança de percepção do povo brasileiro deu aval aos parlamentares para votarem e defenderem abertamente a reforma. Muito diferente de dois anos atrás, quando os deputados corriam dos jornalistas quando tocavam no assunto. Nem mesmo o relator do texto à época, Arthur Maia (DEM-BA), revelou seu apoio à proposta antes de ler seu relatório em comissão.

Já nesta quarta-feira (10), até houve gritos de “Lula livre”, mas as vaias foram maiores. E, junto com elas, vieram abanos de bandeiras do Brasil e gritos de “eu sou brasileiro, com muito orgulho e com muito amor”, um retrato das ruas do país em dias de manifestação nos últimos quatro anos.

Fortalecida, a base de parlamentares apoiadores da reforma sentiu-se engrandecida o suficiente para falar claramente: “Sim, haverá mais tempo de contribuição, mas você vai se aposentar. Se continuar com o atual sistema previdenciário, não haverá aposentadoria”. Claro, nada disso foi dito sem antes jogar a culpa do rombo da Previdência nas costas do PT.

Essa aprovação foi uma vitória, sobretudo, também, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, aos prantos, agradeceu cada deputado que aceitou conversar com ele sobre a reforma da Previdência (e não foram poucos).

Maia emplacou uma desenfreada agenda de conversas pelos bastidores para articular a aprovação da medida e engoliu seco várias vezes quando o presidente e seus filhos ofendiam os congressistas nas redes sociais.

Sem dúvida, Maia saiu fortalecido dessa votação. Mesmo a oposição reconheceu o papel democrático do presidente da Câmara em ouvir todas as partes. E, claro, os apoiadores da reforma não pouparam elogios. “Sem essa pessoa, com certeza, nós não teríamos chegado a esse momento tão importante. Minha especial homenagem ao presidente desta Casa, Rodrigo Maia”, disse o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO).

Agora, os parlamentares vão votar 108 destaques ao texto que foi aprovado no plenário da Câmara. A expectativa é que as votações se alonguem até sábado (13). Algo inédito para deputados que costumam chegar em Brasília na segunda-feira e vão embora na quinta.

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