Dom Cabral estima em R$ 300 bi investimento para reduzir dependência rodoviária

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

A equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro tem pela frente um desafio de fazer com que uma “casa velha” não desabe durante seu mandato. Para mantê-la de pé, não serão possíveis remendos e ainda será necessário resolver problemas burocráticos e de segurança jurídica.

Essa casa é a imagem criada pelo pesquisador Paulo Resende, do Centro de Estudos Avançados da FDC (Fundação Dom Cabral), para descrever a infraestrutura do país em evento nesta quinta-feira (8) que comemorou os cinco anos da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados).

Resende dividiu a mesa de debate com o tema “2019: o início de um novo ciclo – Perspectivas econômicas e desafios para a infraestrutura brasileira” com Mahrukh Doctor, professora da Univesidade de Hull, na Inglaterra, especialista no tema; e Grégoire Gauthier, coordenador de Transportes do Banco Mundial no Brasil.

O professor da FDC apresentou parte inédita do estudo que está sendo desenvolvido pela fundação há mais de um ano sobre a logística do país. Após o diagnóstico de que o estoque de infraestrutura do país caiu de 27% do PIB para 12% nas últimas duas décadas, e que isso está elevando cada vez mais o custo logístico do país, Resende afirmou que nos próximos 20 anos o Brasil não vai conseguir chegar ao que ele chamou de “paraíso” e vai manter uma dependência do transporte rodoviário.

“Se tudo o que o governo está fazendo ficar pronto, em 2025 a situação do transportes do país será pior do que agora”, pontuou Resende mostrando que o crescimento do volume de cargas estimado é de 44% nos próximos 20 anos, grande parte para atender a interiorização do país, onde a infraestrutura é mais precária.

A parte nova do diagnóstico da Dom Cabral é a estimativa de quais seriam os investimentos prioritários para, com o menor custo possível, reduzir a atual estimativa da matriz de transportes de rodovias de 56% para próximo de 45%, aumentando principalmente as ferrovias.

De acordo com Resende, com um investimento de R$ 300 bilhões em 10 anos a 15 anos, seria possível reduzir os principais gargalos e alcançar esse objetivo. Caso os investimentos fiquem prontos, a economia anual em custos logísticos seria de R$ 31 bilhões, nas contas da fundação.

“O cenário não é passar o país do inferno para o paraíso. Temos que primeiro chegar no purgatório”, afirmou Resende.

Contratos
Além dos investimentos, os palestrantes apontaram que será necessário também ampliar a segurança jurídica e reduzir a burocracia para que os investimentos necessários tenham participação privada. Gauthier, do Banco Mundial, afirmou que o país apresentou melhora em alguns aspectos no ranking de qualidade de negócios do banco (Doing Business) e que a situação portuária do país não é das piores.

Mas, segundo ele, os desafios ainda são grandes, como o desenvolvimento de um melhor sistema de cabotagem e um planejamento de longo prazo mais adequado. Gauthier também defendeu a necessidade de maior integração do setor portuário com as cidades, para que o porto não seja visto como um problema urbano.

A professora Doctor reforçou a necessidade do país garantir a segurança jurídica nos contratos, principalmente com respeito às leis vigentes tanto por parte dos governos como pelas empresas, lembrando como é mau visto para os investidores frases comuns no país como “a lei não pegou”.

Crescimento
O encontro foi aberto pelo secretário-executivo do ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Herbert Drummond, que fez um balanço das ações da gestão do presidente Michel Temer para o setor. Segundo ele, houve retomada do transporte em todas as áreas, de carga e passageiros, o que auxiliará o futuro governo na retomada do crescimento.

Drummond também lembrou que o país começou a trabalhar seu planejamento em termos de corredores logísticos, o que vai facilitar a decisão dos investimentos a serem realizados. Drummond defendeu o decreto de Portos e foi elogiado pelo presidente da ATP, Murillo Barbosa, em seu discurso de abertura.

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