Caminhoneiros exigem aumento do piso mínimo de frete e fim do atravessador

Bernardo Gonzaga, da Agência iNFRA

Depois de um ano das greves dos caminhoneiros autônomos, a categoria está completamente descontente com as mudanças feitas pelo governo, principalmente quanto ao piso mínimo do frete do transporte rodoviário de cargas.

De 2018 até hoje, o frete rodoviário teve um aumento de 12%, mas essa porcentagem não chegou ao bolso do caminhoneiro, segundo dados apresentados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

O descontentamento foi demonstrado em audiência pública, no dia 23 de maio, na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), para receber contribuições para formação da nova metodologia do piso do frete.

Com isso, reacendeu  a possibilidade de uma nova greve depois do dia 20 de julho, quando a Esalq-Log, universidade contratada para fazer o novo modelo do piso, deverá divulgar os valores a serem adotados.

Segundo Carlos Litti, secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística, uma nova greve está perto de acontecer se os valores a serem apresentados não agradarem a categoria. “Eles ficam aqui com discursinho, mas na prática não ajudam nada. Nós não estamos pedindo nenhum privilégio, não é lucro”, disse.

Chorão, representante da categoria que frequenta gabinetes no Congresso Nacional tentando emplacar projetos de lei para os caminhoneiros, também não descartou uma nova greve. Porém, ele disse que a solução mais rápida para o setor é por meio da reforma da Previdência. “O piso não vai resolver, mas ele pode melhorar e vai sendo reformado a cada seis meses”, disse.

Atravessador  
Caminhoneiros e produtores concordaram que o grande problema está na burocracia do setor, o que acaba favorecendo atravessadores: empresas sem CNPJ que fazem a ponte entre o caminhoneiro e o produtor.

Isso ocorre porque o caminhoneiro autônomo, pela baixa remuneração que recebe, fica inviabilizado de abrir uma empresa e arcar com todos os impostos e o seguro da carga. Com isso, ele recorre a alguém que consiga fazer os trâmites legais com o produtor. É quando entra o atravessador, que, para fazer isso, acaba ficando com a maior parte do valor do frete.

“Nós estamos pagando mais e os caminhoneiros estão ganhando menos. Por que não diminuímos as distâncias? Temos que nos aproximar para que o embarcador contrate diretamente. Aí sai todo mundo ganhando”, disse o especialista em políticas e indústria da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Alberto Nobre.

O presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja), Edeon Vaz, disse que o setor está buscando outras alternativas, já que a cabotagem (navegação entre portos brasileiros) cresceu 20% e o modal ferroviário em Mato Grosso, 15% comparado ao ano passado. “Nós temos que achar outra forma. Não é com o tabelamento que você consegue revogar a lei do mercado”, disse.

Muitas categorias
A audiência recebeu mais de 70 contribuições de produtores, agricultores e caminhoneiros, o que revelou uma dezena de especificidades que cada tipo de carga necessita para cada tipo de caminhão e que não estavam incluídas na última metodologia do piso.

Categorias como as de fabricantes de vidros, produtores de proteína animal e produtores de granéis sólidos reivindicaram que a Esalq-Log inclua o tipo de caminhão que cada carga precisa para elaborar a metodologia de cálculo do frete.

O novo modelo vai considerar 11 categorias de grupos de carga: granel sólido, granel líquido, frigorificada, conteinerizada, carga geral, neogranel, sólido perigoso, líquido perigoso, frigorificada perigosa, conteinerizada perigosa e carga geral perigosa.

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